terça-feira, 11 de outubro de 2011

Hispânia ou Hispania?

Se o risco de desintegração da União Europeia nos coloca a questão do futuro político da Europa, nomeadamente do edifício político europeu que se poderá construir com os escombros: o velho sonho europeu dos “Estados Unidos da Europa”? Também é verdade que, por outro lado, no caso do, quase certo, desmoronamento da União Europeia, o futuro político da Península Ibérica pode passar por diversas vicissitudes.
Se no contexto de um federalismo europeu, Portugal, um país periférico e sem peso populacional ou económico expressivos, corre sérios riscos, ou de se “diluir” no cada vez maior número de países membros da União Europeia, ou de acabar, pela força centrifugadora de Castela, como (mais) uma província espanhola, no contexto da uma Península Ibérica qual «jangada de pedra», as diversas autonomias latentes tendem a querer impor-se: na vizinha Espanha, o País Basco, a Catalunha e a Galiza não são os melhores exemplos de fidelidade e submissão à Coroa espanhola, podendo a sucessão do Rei Juan Carlos I, que este ano completou 70 anos de idade, ser o momento de ignição da afirmação independentista.
Não parece, no entanto, que estejamos apenas perante uma simples fragmentação da Espanha, mas perante uma inovadora divisão da Espanha e também de Portugal, como forma de quebrar as tendências centralistas de Madrid: à actual Espanha – segundo maior país da Europa Ocidental e da União Europeia e no “top ten” mundial do PIB nominal – o território português (e a sua população) é exactamente o que lhe falta para se guindar ao convívio das grandes potências europeias.
Esbatida a importância das fronteiras físicas, já obsoletas, será de equacionar a reorganização política da península por diversas regiões, ancoradas numa espécie de “cidades-estado”, num recentramento municipalista (ou regionalista) da divisão política e/ou administrativa peninsular.
O antigo sonho da velha Hispânia finalmente cumprido?

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